Barreiro:
as primeiras águas, José Joel Rodrigues dos Santos. São Paulo:
Editora Nelpa, 2012, é um livro de memórias, mais uma história de vida que, ao ser
publicado, procura imortalizar histórias, lugares, que insistem em permanecer
na memória de quem os viveu.
O
que esse lugarzinho escondido no sertão piauiense seco, atrasado, com milhares
de outros lugares iguais tem de diferente para valer um livro? Vejamos o que
diz o autor:
“O Barreiro é um lugar obscuro e
enigmático, singelo demais para quem o visita, incomum e inesquecível para quem
o conhece. A minha relação, com esse lugar é apaixonada e de extrema
dependência psicológica cuja realidade gravita à beira do inconsciente e do
sobrenatural”
Na
realidade, não é o lugar que é mágico e inesquecível é o que aconteceu lá, são
as ações heróicas do pai do narrador que diferencia totalmente o Barreiro de
outros lugares parecidos. O elo que liga o filho ao pai, como desconfia o
narrador: “este elo eu imagino deve ser o Paulo...”, não são as pessoas que
hoje habitam o lugar, mas a sua memória que não permite que o pai morra. Nesse contexto, Paulo, Zuzu, Licínio, são
apenas coadjuvantes na historia.
Já o
Barreiro deixa de ser coadjuvante à medida que oferece as dificuldades para os
fazeres heróicos do patriarca da família que não permite que a aridez da terra
e o atraso cultural do lugar o vençam, como é narrado no poema Quem Luta Vence. O Sr. Sosa não mede
esforços para educar os filhos para viver o mundo fora daquele lugar quase
inóspito, pois sabe que o mundo moderno precisa de pessoas capacitadas e só o
estudo poderá formar pessoas competentes para atuar nesse mundo. No livro, o
determinismo natural e social é quebrado já que todos deixam o lugar para ter
profissões de destaque. Deste modo, o fim trágico de narrativas da seca como as
das personagens Chico Bento do romance O
quinze, de Raquel de Queiroz e de Fabiano do romance Vidas Secas, de Graciliano Ramos, vitimas da seca e do cultural não
ocorrem mais, pois a inteligência humano supera o determinismo que assola as
regiões subdesenvolvidas.
Sosa
é um herói que, diferente de muitos outros, sai do anonimato, através destas
singelas memórias, escritas pelo meu irmão mais velho. O orgulho que sente do lugar
onde nasceu e de sua família é tanto que teve a felicidade de eternizá-lo em
livro.
Fiquei agradavelmente surpreso ao saber da produção literária de Zé Joel, autor de Barreiro(As Primeiras Águas), um livro de memórias, que resgata e contribui com a preservação da nossa história. Ao descobrir mais esta vocação literária, procurei fazer um contato com ele. Seguindo no anonimato, como tem sido a nossa trajetória com o nosso querido blog da terrinha, fiz este contato e para minha surpresa maior, ele respondeu imediatamente e de forma muito positiva ao nosso chamamento.
Fez rasgados elogios a este humilde blog, que tem a pretensão apenas, de fazer uma interação entre os povos que descendem deste pobre, mas querido rincão. E principalmente, se propôs a colaborar conosco sempre que tivesse disponibilidade.
Zé Joel é um cidadão do mundo, morou em diversos lugares, ocupou inúmeros cargos relevantes: Gerente de banco, Secretario de governo, auditor fiscal e com atividades na iniciativa privada. É um vencedor por méritos próprios. E continua o mesmo, curtindo a sua terra natal, tendo a localidade Barreiro como o seu porto seguro.
Antonio Giovani Rodrigues Santos, autor desta resenha é seu irmão e professor universitário de Portugues.
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