domingo, 6 de outubro de 2013

O poder da sedução

               

          A princípio, poucos acreditaram. Afinal, pela primeira vez na história republicana alguém com potencial eleitoral de candidata à Presidência da República, com um capital de 20 milhões de  votos na disputa passada, abre mão para um novato, com apenas 4% nas pesquisas, contrariando tudo e todos.

          Marina vice, Eduardo na cabeça de chapa. A lógica não deveria ser o contrário? Por isso, nem os mais experts em política deram a mão a palmatória.

          Mas o que aconteceu hoje em Brasília, coincidentemente na data dos 25 anos da proclamação da Constituição, é o que se pode chamar de gol de placa em política.

          Eduardo deu mais uma demonstração notável de que é, dentre a nova geração de políticos, o mais águia de todos na formulação política e na estratégia eleitoral.

          Criado na escola arraesista, o governador pernambucano, como disse o marqueteiro Marcelo Teixeira, tem o diferencial da ousadia.

          O que levou, afinal, Marina a se render aos argumentos de Eduardo? Foram os olhos azuis que deixaram a ex-senadora embriagada? Nada disso! O governador é um sedutor.

          Com o poder de sedução, montou a maior aliança que se tem notícia na história de Pernambuco na eleição da sua reeleição, em 2010.

          E governa Pernambuco sem adversários, algo que abre um paradigma na história do Estado. A maior arma de um político é a soma de sedução com carisma e ousadia.

          Brasília veio abaixo hoje com a confirmação do apoio de Marina a Eduardo. De Nova Iorque, onde se encontra em lua-de-mel, o tucano Aécio Neves, o mais afetado, disse que ninguém esperava.

          E ninguém esperava mesmo essa hecatombe política na sucessão presidencial. Deve ter muita gente comemorando e muita gente preocupada com o futuro. Imagino, por exemplo, que o ex-governador de São Paulo, José Serra, deve estar gargalhando.

          Era tudo que queria para se vingar de Aécio Neves, que fez corpo mole nas duas campanhas que Serra disputou para presidente.

          Serra pode aproveitar o gancho e abrir uma dissidência no PSDB de São Paulo contra Aécio. Serra ainda é um grande eleitor no maior colégio eleitoral do País.

          A surpresa foi tão grande que abriu a primeira manchete do Jornal Nacional, agora há pouco. Reação estranha se deu por parte de Roberto Freire, presidente do PPS.

          Quando a oposição imaginava que o partido se aliaria a Eduardo e Marina, Freire foi na contramão, afirmando que Marina cometeu suicídio político e não contasse, a partir de agora, com o PPS.

          O momento é de euforia e de choque pela surpresa, mas a partir de hoje se abre um novo cenário na corrida presidencial. Eduardo, o grande vitorioso desta etapa, deve, entretanto, ter muito cuidado com os desdobramentos desse entendimento.

          Marina é muito encrenqueira. Se as pesquisas de opinião continuarem dando a ela melhores percentuais do que Eduardo, a ex-senadora pode começar a criar problema para inverter a chapa, ou seja, sair na cabeça, deixando o governador na vice.

          Como Eduardo é uma águia, certamente deve ter uma estratégia pronta para um cenário nessa direção. O fato, enfim, é que o governador mudou o jogo, criou o fato mais novo e polêmico da pré-campanha presidencial e se cacifou.

          Afinal, até então arrebatar o coração de Marina ninguém imaginava que Eduardo tivesse chances de chegar lá.



                                      Do blog do Magno Martins


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