segunda-feira, 10 de dezembro de 2018

Colírio


                   Juliana Costa, embeleza as páginas do nosso blog.
 

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sábado, 20 de outubro de 2018

AS FILÓSOFAS DO INTERIOR


Se sua mulher mandar você pular do telhado, reze pra ele não ser muito alto


          Conversando com umas amigas de uma importante cidade do interior paulista nos últimos dias, ouvi uma máxima que, segundo elas era repetida pelos pais. Essa máxima é a seguinte: “Se sua mulher pedir pra você pular do telhado, reze para que ele não seja alto”. O que quer dizer essa máxima filosófica?

          Primeiro, o óbvio, mas que, às vezes, parece não muito óbvio. A máxima exemplifica uma sabedoria muito antiga: nos casamentos que funcionam, as mulheres mandam no cotidiano, e esse cotidiano vai ao encontro do velho adagio “a mão que balança o berço é a mão que manda no mundo”. Ao contrário do que berra a turma contra o “patriarcalismo”, as mulheres bem casadas mandam.

          Casamentos que duram são matriarcais em grande medida porque as mulheres mandam em casa e no cotidiano. E, contra os que rezam na cartilha do “Segundo Sexo”, livro da filósofa Simone de Beauvoir (1908-1986), as mulheres são também o primeiro sexo.

          Quando os homens não aceitam mais serem mandados pelas mulheres, vão embora em busca de “novas senhoras”. O homem sempre quer uma mulher que mande nele, sem ela, ele se sente perdido, mal amado, mal cuidado e, portanto, ele devolve na mesma moeda.

          É claro que existem homens ruins que batem em mulheres e as violentam (e que devem ser punidos). Mas a maioria dos homens não faz isso, e essa imensa maioria cansou de se ver representada, da política à arte, das ciências sociais às escolas das crianças, como os vilões do mundo. 

          Trabalhando de sol a sol, esses homens se encheram de ver suas vidas narradas de forma falsa e enviesada. E, para a tristeza de muitas odiadoras de homens, as mulheres que amam os homens bons e cuidadores resolveram se juntar no grito contra a mentira travestida de “verdade sociológica”.

          Críticas americanas do feminismo já haviam apontado o risco de que muitas das críticas da família tradicional são mulheres que nunca conseguiram achar um homem em que mandar no dia a dia. 

          Essa incapacidade de encontrar um homem que as amassem o bastante para “obedecer” a elas teria levado essas mulheres sem homens para mandar no ódio ao casamento tradicional. Em suma, grande parte do feminismo raivoso (porque existe sim um feminismo consistente contra abusos, menores salários e espancamentos) deita raízes na incompetência de muitas mulheres em achar um homem em que elas mandem, com carinho, humor, doçura e perenidade.

          A ideia por detrás da máxima das minhas amigas filósofas do interior é que, se sua esposa mandar você pular do telhado, você deve apenas obedecer e rezar para que o telhado não seja tão alto, porque, se você não obedecê-la e não pular, a reação dela será muito pior do que a queda do telhado em si. 

          Qual homem bem casado quer entrar em conflito com a mulher? Não apenas o resultado será que ela “fechará as pernas pra ele”, como o dia a dia virará um combate contínuo ao redor de coisas pequenas. E, por consequência, ele não conseguirá trabalhar em paz.

          A máxima soa ingênua, mas é a pura verdade, se não quisermos mentir pura e simplesmente. E a mentira, com o tempo, enche o saco de quem é capaz de enxergar a realidade para além do mimimi que caracteriza muito do debate ao redor do tema homem e mulher no mundo “especializado”, cheio de mulheres que não conseguem ter homens felizes em obedecê-las.

          O que uma conversa singela como essa nos ensina acerca do Brasil que emerge das eleições que estamos atravessando? O que é essa “guinada conservadora” que parece varrer o país?

          Muita gente no Brasil está cansada, por exemplo, de ser levada a pensar que debates ao redor do fenômeno “trans” sejam a pauta mais importante em termos de direitos humanos. 

          Antes de tudo, a gente comum (que normalmente é casada e a mulher manda em casa, a fim de que a janta seja servida todos os dias) cansou de sentir que sua percepção de mundo é absurda, errada, reacionária, monstruosa, idiota ou cheia de ódio. 

          Pelo contrário, muitas dessas pessoas querem apenas que seus filhos voltem vivos da escola e não que gastemos tempo e dinheiro com criminosos ou tristes vítimas de um passado ligado à ditadura. Tudo isso é muito distante delas. 

          Os boletos que pagam todo dia parecem mais fundamentais do que muitas das discussões que os inteligentinhos levam a cabo na mídia, nas escolas, nas universidades ou na “arte”.

          As redes sociais “libertaram” a ira do Brasil profundo que paga boletos diariamente e que conhece homens que pulam felizes dos telhados há séculos.


Luiz Felipe Pondé

Escritor e ensaísta, autor de “Dez Mandamentos” e “Marketing Existencial”. É doutor em filosofia pela USP.


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sexta-feira, 31 de agosto de 2018

VIDA, LITERATURA E OBRAS DE MEU ESPECIAL CARINHO

               Por Francisco Miguel de Moura, Membro da Academia Piauiense de Letras.

          Em algum lugar, li ou ouvi de um acadêmico que seria simpático se todos os discursos acadêmicos começassem citando o patrono e ocupantes da sua cadeira. Concordando com a assertiva digo: o patrono da cadeira nº 8 é J. Coriolano (José Coriolano de Sousa Lima), de quem pretendo escrever uma biografia, se me houver tempo e saúde. Os ocupantes anteriores foram Antônio Chaves, Breno Pinheiro, Celso Pinheiro Filho e Francisco da Cunha e Silva. Dito isto, afirmo que minha vida literária começou com um poema que escrevi em papel embrulho, na loja de tecidos onde eu trabalhava, lá pelo começo dos anos 50, do século XX, no povoado Jenipapeiro. Mostrando-o a meu amigo Sebastião Nobre Guimarães, ele disse: “Se você consentir, vou levar seu poema para publicar no jornal “Flâmula”, dos estudantes do “Ginásio Marcos Parente”. O poema nominado de “Teu Valor” foi, de fato, publicado no jornal, e foi esse ocorrido que ocasionou minha mudança para Picos.

            O poema: “És filha de sangue azul, /Rainha de norte a sul / Princesa do meu torrão? É meigo o teu ar de riso, / Baloiçando o puro friso / Das belezas de um Éden. / Ai! me dói o coração / Ver a tua condição / Tão diferente da minha: / A tua mais se dilata,  A minha mais se definha! Ora sinto-me aprazer, /Na beleza do seu ser / Ora me sinto um ninguém. / De cobiça é meu viver, / É um triste vai-e-vem.

            Outros poemas seriam publicados no jornal dos estudantes e em outro de nome “A Gazeta”, editado pelo Odonel Castro Gonçalves, que estava concluindo o ginásio, que depois, segundo soube, foi embora para Fortaleza, onde continuaria seus estudos superiores. No Ginásio, tornei-me o primeiro aluno da turma e por isto não pagava a mensalidade. O “Ginásio Marcos Parente”, apesar de ser estadual, não era de graça: Os alunos tinham que entrar com sua contrapartida para poder sustentá-lo.

           Assim, com Ginásio de graças, com roupas e livros emprestados por meu parente e amigo Milton Portela Costa (que já ia para o segundo ano do curso), tive tempo para estudar e ler bastante, os poetas Manoel Bandeira, Carlos Drummond de Andrade, J. G. de Araújo Jorge e Fernando Pessoa entre tantos outros da modernidade, porque os antigos eu já havia lido na escola de meu pai (onde fiz o primário) e na casa de meu avô, que tinha os principais românticos: Castro Alves, Gonçalves Dias, Casimiro de Abreu e Álvares de Azevedo, além do Príncipe dos Poetas Brasileiros, Olavo Bilac, o qual eu já lera nos livros da coleção “Coração de Criança”, adotados por meu pai, professor  na escola primária. Li também muita prosa de ficção: Humberto de Campos, Euclides da Cunha, Machado de Assis, José de Alencar, Visconde de Taunay (“Inocência”), livro que inicialmente me inspirou a escrever romances). Minhas leituras atravessavam o Atlântico e foram até Eça de Queirós, em Portugal, e aos romancistas franceses, que foram tantos.  Poesia, continuava fazendo, muitas foram para o cesto, algumas escaparam até publicar o primeiro livro “Areias”, em 1966, já morando e laborando em Teresina, vindo do interior da Bahia, cidade de Itambé, onde fui exercer o cargo de Chefe da Carteira Agrícola e Industrial do Banco do Brasil. Lá também li muito. Minha biblioteca era grande, sobretudo de poesia e de história do Brasil e história geral.

            A partir do terceiro ano do Ginásio, em Picos, em já havia entrado para o Banco do Brasil, no cargo de Auxiliar de Escriturário. Aí, então, não precisava ficar na casa do meu parente, Abraão Corado da Costa, pai do Milton Portela Costa: Fui para um hotel até casar-me com Maria Mécia Morais Araújo, que passou a acrescentar Moura ao nome, como de costume, e com quem tivemos 5 filhos: 2 em Picos, 2 na Bahia e 2 em Teresina: Franklin, Laudemiro, Miguel Jr., Fritz e Mecinha.

            Trabalhando no Banco do Brasil, em Teresina, fiz a Faculdade de Filosofia e Letras, à noite, e ao mesmo tempo escrevia e publicava nos jornais. Assim, criei minha maior obra de crítica literária, “Linguagem e Comunicação em O. G. Rego de Carvalho”, editada no Rio de Janeiro (RJ) e distribuída, criticada e elogiada em todo o Brasil, inclusive passando a figurar no livro “História da Crítica no Brasil” do Prof. Wilson Martins – o grande crítico literário do Brasil.  De pois de “Areias”, minha estreia em 1966, com prefácio belíssimo de Fontes Ibiapina, fui publicando obras que, ao todo, são mais de 42 livros, se contarmos com as segundas edições de “Literatura do Piauí” e “Poesia (In)Completa”, respectivamente pela Universidade Federal e pela Academia Piauiense de Letras e mais ainda a recente “Minha História de Picos”, também edição da Universidade Federal do Piauí, que foi lançada na ALERP-Picos,  no Centro Cultural “Alaíde Marques”, em Jaicós (PI), e está sendo lançada, oficialmente, aqui. “Pedra em Sobressalto”, altamente elogiando pela escritora carioca Rejane Machado, entre outros críticos de igual valor e “Universo das Águas”, aprovado pelo grande poeta Carlos Drummond de Andrade, são os mais destacados de minha obra.

            Tudo isto e muito mais está em “Minha História de Picos”, onde conto, em forma de crônica. Acredito que faço uma renovação das narrativas portugueses da época trovadoresca, os quais se movimentavam em torno dos reis e das famosas obras apelidadas de “cavalaria” - em cujo ramo, até hoje, ninguém superou Miguel Cervantes, com o seu “Dom Quixote”, inaugurando o romance ocidental.  Mas chamo a atenção dos ouvintes, leitores e confrades, para a quantidade de nomes e sobrenomes de pessoas que cito, sem ser uma obra tipicamente genealógica. Calculado em cerca de 5.000 nomes de pessoas e famílias, material que me fez construir a obra, sem falar na emoção e no carinho com que dedico a essas pessoas.

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sábado, 11 de agosto de 2018

SUPREMA INSENSIBILIDADE



            Com escandaloso desprezo pelo interesse público, juízes do Supremo Tribunal Federal decidiram por 7 votos a 4 propor a elevação de seus próprios salários
                O Estado de S.Paulo 

          Com escandaloso desprezo pelo interesse público, juízes do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiram por 7 votos a 4 propor a elevação de seus próprios salários de R$ 33.761 para R$ 39.293,32, com “modestíssimo reajuste” – palavras do ministro Ricardo Lewandowski – de 16,38%. Enquanto isso, 13 milhões de desempregados tentam sobreviver de qualquer jeito e formam filas de milhares de pessoas em busca de uma ocupação. No Executivo, ministros das pastas econômicas batalham para conter o déficit federal no limite de R$ 159 bilhões, neste ano, sem devastar os gastos com educação e saúde e sem abandonar outras despesas obrigatórias. Ao mesmo tempo, esforçam-se para legar ao próximo governo um orçamento administrável. Mas esse esforço pode ser anulado se novos atos irresponsáveis aumentarem os buracos do Tesouro. Quanto mais pronto o reparo das finanças públicas, maior será a confiança de empresários e investidores, mais fácil a recuperação da economia e mais breve a criação de vagas para os milhões de trabalhadores de bolsos hoje vazios.

          Um aumento salarial para os ministros afetará muito mais que a folha de pagamentos do STF. Salários de juízes do STF são o teto de vencimentos do funcionalismo público. Se aprovado, o “modestíssimo reajuste” defendido pelo ministro Ricardo Lewandowski abrirá espaço para salários maiores em todo o Judiciário e em toda a administração pública nos três níveis – federal, estadual e municipal. Além disso, aumentará também as despesas da Previdência Social, o mais pesado componente das despesas primárias, isto é, dos gastos públicos sem os juros e amortizações da dívida.

          A decisão dos juízes do STF vai na contramão dos objetivos do governo, disse em Londres o ministro da Fazenda, Eduardo Guardia, onde chegou na quarta-feira para participar da terceira edição do Diálogo Econômico e Financeiro Brasil-Reino Unido. Um dos objetivos principais de viagens como essa é a atração de investimentos, uma operação dependente de confiança. Não por acaso, um dos principais temas levantados pelos investidores, segundo Guardia, foi a questão das contas públicas.

          Enquanto o ministro da Fazenda tentava mostrar, em Londres, as possibilidades de melhora das finanças públicas brasileiras, Lewandowski e seus parceiros, em Brasília, jogavam no sentido contrário.

          O impacto do aumento pretendido é de R$ 3,87 milhões adicionais para os gastos do STF em 2019, com efeito cascata de R$ 717,1 milhões para todo o Judiciário. Mas o efeito geral será muito maior, porque a elevação do teto salarial terá consequências em todo o serviço público. Já se estima um aumento de despesas de R$ 1,4 bilhão para o governo central e de R$ 2,6 bilhões para as administrações estaduais.

          O Congresso ainda terá de votar o aumento pretendido por ministros do STF. Sem tomar posição sobre o assunto, o presidente do Senado, Eunício Oliveira (MDB-CE), lembrou algumas limitações. Será preciso, comentou, verificar se haverá dinheiro suficiente para isso no Orçamento da União e se a despesa total será compatível com o teto criado pela Emenda Constitucional n.º 95, aprovada em 2016. Será preciso, insistiu o senador, cuidar do assunto com calma e sem quebrar o princípio de harmonia e independência dos Poderes.

          A proposta orçamentária para 2019 deverá ser mandada pelo Executivo ao Congresso até o fim do mês. O ministro do Planejamento, Esteves Colnago, ainda expressou, nos últimos dias, a esperança de adiar por um ano o reajuste salarial do funcionalismo. Isso facilitaria a travessia de 2019 pelo presidente eleito em outubro.

          A maioria dos juízes do STF fica longe dessa preocupação. Votaram contra o aumento só os ministros Edson Fachin, Celso de Mello, Rosa Weber e a presidente Cármen Lúcia. Os outros sete preferiram reforçar os contracheques. Será possível cortar outros gastos da Corte, disse o ministro Dias Toffoli – que sucederá a Cármen Lúcia na presidência do STF –, sem explicar por que essas despesas dispensáveis são mantidas. Segundo Lewandowski, o impacto do aumento será menor que o valor desviado e já devolvido à Petrobrás. É um ângulo interessante para a discussão do assunto.


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O VENTO SABE A RESPOSTA




                                             Por Carlos Brickmann


          Tudo muito simples: o PT lançou Lula, sabendo que não pode ser candidato, e pôs Haddad de vice, mas para ser candidato a presidente. O PCdoB retirou a candidatura de Manuela d’Ávila à presidência e nada lhe deu em troca, mas ela sabe que será a vice de Haddad que é o vice de Lula.

          Ciro namorou o Centrão mas pôs na vice uma esquerdista que, até há pouco, era ruralista e conservadora das que não comem tomate porque é vermelho. Boulos é candidato do PSOL mas apoia Lula que não pode ser candidato mas finge que é. Alckmin afirma que sabe poupar, e é verdade: sobrou-lhe o suficiente para conquistar o apoio do melhor bloco que o dinheiro pode comprar. Alckmin corre um risco: escolheu uma vice melhor do que ele. Ana Amélia é, de verdade, tudo aquilo que Alckmin diz que é.

          E temos um caso curiosíssimo: pelo PMDB, maior partido do país, com apoio do presidente da República, há Henrique Meirelles, o candidato que é sem nunca ter sido. Meirelles tem dinheiro, pode pagar sua campanha, e isso é suficiente para explicar como chegou a candidato. Mas Meirelles não tem sorte: o presidente que o apoia é menos popular até do que Dilma, os caciques do maior partido do país foram cada um para seu lado, cuidar de seus superiores interesses, e a economia, que corria nos trilhos, desandou de tanto que foi ordenhada para alimentar um Congresso faminto, que queria devorar um presidente. Meirelles tem hoje só seu carisma – e é zero.


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sexta-feira, 10 de agosto de 2018

“Soluções fáceis e erradas”

Acabar simplesmente com os subsídios é mais uma crença equivocada no tudo ou nada
O Estado de S.Paulo



          O momento, todos sabem, é de austeridade. Cada centavo economizado faz diferença, seja pelo valor moral, diante de 13 milhões de desempregados, seja pelo ambiente de lassidão fiscal. As despesas públicas ultrapassaram a capacidade de geração de receitas, o que pressionou a dívida pública. Nesse contexto, cabem várias recomendações, das quais ressaltarei duas: combater excessos e redefinir prioridades. Um dos candidatos favoritos à revisão são os subsídios, mas seria um grave erro, a esse pretexto, abandonar políticas de desenvolvimento. Seria vestir o santo do ajuste fiscal desvestindo o do crescimento. Vamos aos dados.

          As despesas primárias, que excluem os juros sobre a dívida, cresceram 6% ao ano acima da inflação nas últimas duas décadas e o PIB, 2,5% ao ano. Como as receitas dependem do PIB, foi questão de tempo para que esse descompasso fizesse crescer a dívida. De 2013 para cá, a dívida pública saltou de 53% para 77% do PIB, tornando-se difícil de estabilizar, em face dos juros siderais e do PIB no chão. Esse diagnóstico tem de estar muito claro para os políticos, os economistas, a opinião pública e a sociedade em geral. O ajuste fiscal é imperativo.

          Nesse ambiente, a discussão sobre os subsídios ganhou corpo. O Estado deve ou não ter políticas de desenvolvimento, estimulando setores, mantendo um banco de fomento como o BNDES e financiando programas setoriais e regionais?

          O subsídio é uma despesa para viabilizar ou estimular determinada atividade econômica. Dentre outras possibilidades, ele pode ser concedido pela fixação de taxas de juros abaixo do custo de mercado. Se o mercado de crédito fosse concorrencial, no Brasil, os juros tenderiam a ser mais baixos que os atuais.

          No Brasil, meia dúzia de bancos comandam a quase totalidade das operações de crédito. A margem de lucro elevada é o sinal mais evidente desse poder de mercado. Questões regulatórias e outras barreiras limitam a competição, a despeito do empenho com que o presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, vem agindo para mudar esse quadro. Mesmo o mais liberal dos economistas concordará, então, que algum subsídio é justificável nesse ambiente.

          Alguns projetos que apresentam as chamadas externalidades positivas e têm maduração de longo prazo são também candidatos a subsídios. Quando uma estrada é construída, além do seu valor intrínseco, ela produz efeitos secundários muito positivos sobre outros mercados, estimulando a produção. Novos investimentos privados se tornam viáveis.

          Nestes e em outros casos é recomendável que se adotem subsídios. É essencial, por exemplo, o papel do BNDES (ou do Banco do Nordeste) em ofertar crédito subsidiado para a iniciativa privada quando se tratar de bons projetos na área de infraestrutura logística, social e urbana. O custo do subsídio é superado pelos benefícios diretos e indiretos que ela propicia, situação em que o subsídio é justificado.

          É verdade que as escolhas políticas, como não deve deixar de ser, obedecem à influência dos vários setores da sociedade. Mas o controle da situação fiscal não pode ser negligenciado. Do contrário, não há crescimento nem distribuição de renda. O que precisa ser combatido são os interesses não republicanos e a ineficiência. Enfiar R$ 500 bilhões nos bancos públicos para fazer investimentos ineficientes foi pouco inteligente.

          Já propus neste espaço a criação de um sistema nacional de consolidação e controle de subsídios no Brasil. Estudo recente do Ministério da Fazenda mostrou que somente os subsídios da União foram de 1,3% do PIB em 2017, quase o triplo do valor gasto com o PAC naquele ano. Qual o resultado desses subsídios para a sociedade?

          Há casos e casos. Cortar linearmente, com tantos instrumentos disponíveis de avaliação de gastos, é o pior a fazer. Cortar, sim, mas com critérios de mérito.

          Houve, nos últimos anos, uma demonização do subsídio. A apressada adoção da Taxa de Longo Prazo (TLP), concebida para replicar os juros de mercado, no lugar da TJLP, tem minado o BNDES. O BNB, como noticiou o Estadão, tem suprido parte da demanda, mas a verdade é que falta planejamento de longo prazo a orientar a política de subsídios. Para ter claro, os desembolsos do BNDES caíram de R$ 88,3 bilhões, no final de 2016, para R$ 70,8 bilhões, em 2017. No primeiro semestre de 2018, foram desembolsados R$ 27,8 bilhões, quase R$ 3 bilhões a menos do que no primeiro semestre de 2017. Sim, era preciso extinguir a política de se endividar para anabolizar o BNDES. O problema é que se atacou também a fonte constitucional do banco – os 40% do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), único recurso fixado para a finalidade essencial de expandir o investimento. Emprestar mais de R$ 190 bilhões ao ano, como no auge da política de injeção de dívida no BNDES, não era correto; como tampouco seria acabar com o banco.

          Os países praticam políticas de incentivo baseadas em critérios técnicos e políticos. No nosso caso, parte da intelligentsia recomenda abrir mão desses instrumentos de política econômica. Devemos buscar condições de competitividade, inserção internacional e, sobretudo, ampliação das exportações de maior valor agregado. Para isso, simplesmente extinguir a política de subsídios é um tremendo tiro no pé. A recente crise dos caminhoneiros foi resolvida, em boa medida, com a assunção de um subsídio de R$ 9,5 bilhões, segundo cálculos do próprio governo. Se tivesse prevalecido o fanatismo ortodoxo, certamente estaríamos hoje mergulhados numa crise sem precedentes.

          Precisamos de uma política que combine austeridade e inventividade, indispensável a um projeto de país. Não há solução única para a questão do desequilíbrio das contas públicas. Acabar simplesmente com os subsídios é mais uma crença equivocada no tudo ou nada, no agora ou nunca. Os desafios são complexos e, como tais, exigirão soluções sofisticadas e bem executadas.


José Serra (SENADOR – PSDB/SP)


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segunda-feira, 5 de fevereiro de 2018

Colírio












Kris Mary Brito. 
Nossa eterna miss e musa deste blog. Comparece mais uma vez para embelezar este espaço.

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sexta-feira, 12 de janeiro de 2018

FRANCISCO MIGUEL DE MOURA - UMA BIOGRAFIA



POR José Maria de Aguiar Ramos
(Do livro inédito “Os Corifeus do Banco do Brasil”)



          “Pensamos em demasia e sentimos bem pouco. Mais do que máquinas, precisamos de humanidade, mais do que inteligência, precisamos de afeição e doçura”. Chaplin.

Biografia

          Nasceu em 16.06.1933, na bucólica fazenda “Curral Novo”, data Jenipapeiro, cujo nome é derivado da árvore que grassa em abundância naquela região, fundada em 1818 por seis baianos da família Rodrigues e dos quais descendem quase todos os atuais habitantes do lugar. Quando Francisco Miguel nasceu o lugar Curral Novo, data Jenipapeiro, pertencia ao município de Picos - PI.
          Jenipapeiro foi elevado a povoado em 1935.
          Emancipada em 09.09.1960, por força da lei número 1.963 e só instalada em, 24.12.1960, e cujo topônimo atual é “Francisco Santos” - Piauí e o gentílico é franciscossantense.
Tem uma área territorial de 224 km2, numa altitude de 250 metros acima do nível do mar. Está na região fisiográfica do sertão, microrregião homogênea de baixões agrícolas do Piauí, tendo o burgo a posição geográfica à esquerda, à jusante do rio Riachão.
          A latitude sul é de 6º 59’ 02” e longitude W Gr. é de 41º 10’ 45”. O clima é tropical megatérmico, predominantemente quente, úmido na estação chuvosa e árido e seco no restante do ano, variando para mais ou para menos quente, conforme as estações climáticas.
          Sob o signo de gêmeos e da proteção da padroeira do município, “Coração Imaculado de Maria”, cuja capela foi edificada em 1918, nasceu Francisco Miguel de Moura, primogênito varão.
Conta-se que em conseqüência da seca de 1932, a família do mestre Guarani enfrentou miséria e fome, e o primogênito foi gerado, com sangue de massa de macambira e mucunã e da sustança do mingau de farinha de mandioca e macaxeira.
          Foi levado à pia batismal, em 1933, sob o dogma da fé católica, na Igreja Matriz de Jaicós, a cuja paróquia Jenipapeiro pertencia na época. Foram padrinhos os avós paternos: Feliciano Borges de Moura, alcunha de Sinhô do Diogo, que faleceu em 14.03.1951, e Rosa Maria da Conceição, em 20.06.1971.
          Os avós paternos geraram dez filhos (quatro homens e seis mulheres), que, sem forçá-los, o Sinhô do Diogo botava na roça, igualmente, todos os filhos, causando escândalo, porque as mulheres naquela época eram apenas de casa, não saíam para trabalhar fora, mesmo que fosse no roçado.
          Os avós maternos eram Francisco de Sousa Rodrigues (Chico Ana) e Maria Rodrigues (Mariinha), descendentes daqueles Rodrigues que fundaram Jenipapeiro, inclusive e principalmente “Mãe Ana”, bisavó materna do comendador Chico Miguel.
          Em 1934, nasceu a primeira irmã de “Chico Miguel”, Teresinha de Jesus Moura; faleceu em 1969, na cidade de Picos, vítima de uma cirurgia vesicular (colecistectomia). Casada, deixa enorme descendência, hoje toda morando em São Paulo.
          Em 1936, nasceu a segunda irmã, Maria, que morreu criança, e consta também o nascimento da terceira irmã, em 1937, também com o nome de Maria Josefa de Sousa, cognome de Mariinha, hoje, professora em Francisco Santos (PI).
          A quarta irmã de nome Helena Josefa de Sousa, nasceu em 1942; casada, é hoje, professora em Santo Antonio de Lisboa - PI, mas registra-se também o nascimento de outro irmão homem, de nome José, que faleceu criança.
          Foram um total de oito filhos - dois homens e seis mulheres, todos gerados de Miguel Borges de Moura (Guarani), que nasceu a 18.05.1910, e Josefa Maria de Sousa (Zefinha ou Zefa), nascido a 14.02.1909, ambos já falecidos. O garoto Chico, mesmo com todas as regalias de primeiro filho, criou-se magrinho e doentio. Que se dirá dos outros? A metade morreu ainda pequenos, de “dentição” ou “doença de menino”.
          O pai torna-se, ainda cedo, mestre dos irmãos e depois mestre-escola por profissão e era um andarilho. Peregrinou por várias vilas da região de Picos, tais sejam: Sussuapara, Bocaina, Aroeiras do Itaim, Angico Branco dos Macedos, Carnaíbas, etc., começando pelos idos de 1939, e a tiracolo ia toda a família.
          Improvisava sob a sombra do juazeiro, ao derredor de uma tosca mesa no vaquejador da morada, a turma de aprendizes do ABC e tabuada depois, às margens do rio Guariba, abaixo da hoje cidade de Bocaina, o mestre Miguel Guarani cultivava o plantio de alho e cebola, apesar do porte físico franzino e frágil.
          Em 1941/42, aos nove anos de idade, viajou o menino Chico com o pai mestre Miguel, do Angico Branco a Jenipapeiro, ficaram na casa do avô Sinhô do Diogo, por algumas semanas. E o neto Chico, bisbilhotando nos alfarrábios do avô, lê “Cem Cartas de Amor” e livros de contos e poesias de Casemiro de Abreu, Antonio Frederico de Castro Alves, Antônio Gonçalves Dias, Manuel Antonio Álvares de Azevedo e a Bíblia. Foi aí o despertar para as letras, lendo e decorando esses poetas e algumas passagens bíblicas. Só muito depois, no ginásio, dá-se seu encontro com os poetas parnasianos e simbolistas Raimundo da Mota de Azevedo Correia e Olavo Brás Martins dos Guimarães Bilac. E mais recentemente com os modernistas Manuel Carneiro de Sousa Bandeira Filho e Carlos Drummond de Andrade.
          Voltando a 1.942: O mestre Miguel foi nomeado funcionário público municipal na função de mestre-escola. Foi autodidata por excelência. Poeta, violeiro e repentista muito conhecido e proclamado na região de Picos e circunvizinhanças. Por perseguições políticos, na administração do então governador, Dr. Rocha Furtado, foi exonerado do cargo de professor do povoado Santo Antonio de Lisboa, quando o mesmo faltava apenas seis meses para adquirir estabilidade no emprego. Não foi readmitido e o cargo ficou impreenchido, vago por muitos anos, por absoluta falta de quem o substituísse.
          Advém, assim, de colonos, famílias de lavradores e criadores, tanto pelo lado paterno quanto pelo materno. Teve uma infância de sonhos e ilusões, uma infância salutar. Aprendeu o bê-á-bá e a tabuada com o pai; com ele também, aprendeu a manejar os implementos agrícolas no cultivo da terra; e com a mãe, que não sabia ler e escrever, as tarefas domésticas.
          Com as constantes perguntas curiosas de criança e as lições que recebera da mãe, sobre Deus, o diabo, o pecado e o perdão tornaram-se um catequista em matéria religiosa da Igreja Católica, no Jenipapeiro e lugares por onde o pai perambulava como professor e violeiro. Sua convicção era outra. Não aceitaria, em seguida, a sugestão e vontade da família para estudar no seminário teológico e ser padre.
          O contato com o sofrimento, o campo e a natureza de um modo geral, não resta nenhuma dúvida, amalgamou severamente o ser e a linguagem de Francisco Miguel de Moura. Avezou-se muito cedo com os livros. Herdou do avô paterno, Feliciano Borges de Moura, Sinhô do Diogo, o hábito da leitura e da escrita. Absorvia com sofreguidão tudo que chegava às mãos: livros, jornais, revistas, cartas, calendários, cartilhas, tabuadas, propagandas, prospectos, inclusive o livrinho do Jeca Tatu, do remédio Biotônico Fontoura, etc.
          Os primeiros trabalhos, após a labuta na lavoura, geralmente de alho e cebola - o que se plantava muito na ribeira do Riachão - foram de mestre-escola como o saudoso mestre Miguel.
          Foi comerciário em Santo Antônio de Lisboa, antigo Rodeador, na loja de Isaac Batista de Carvalho, de 1950/1952.
          Em 1952, no povoado Jenipapeiro emprega-se na loja de Areolino Joaquim da Silva, na função de balconista.
          Aos 21 anos, em 1954, fixa residência em Picos (PI), faz o concurso de exame de admissão ao ginásio no Colégio Estadual Picoense, obtendo o primeiro lugar e estudando gratuitamente por esse motivo. O referido colégio, apesar do nome, ainda não era estadualizado, ou seja, era particular.
          Em 1955, torna-se escrivão da Delegacia de Polícia de Picos, percebendo o salário pela Prefeitura. Aproveitava a folga do sábado, para ser balconista nas Lojas Pernambucanas, assim aumentava um pouco a renda para seu sustento.
          Conclui o curso ginasial em 1958 e seus mestres foram: Dr. Severo Maria Eulálio, PE. David Ângelo Leal, D. Maria Olita, D. Bilu (esposa do Dr. Severo), Dr. Fonseca, Professor João de Deus Neto, Professor Manoel de Moura Fé, Prof. Barros Araújo, Dr. Acilino Leite, além de outros.
          Quando secundanista do curso ginasial, submete-se a concurso público do Banco do Brasil S.A., sendo aprovado e nomeado para exercer a função de Auxiliar de Escriturário, na mesma cidade de Picos, ingressando em 02.03.1957, no mais cobiçado contingente de serventuários dessa nobre casa de crédito. Em seguida, um ano depois, realiza em Fortaleza, o concurso maior, de Escriturário, para carreira administrativa, e vai aprovado, reassumindo uma vaga em Picos (PI).
          E em 02.03.1983, após 26 anos de bons serviços prestados, deixa uma lacuna no quadro funcional da Agência Centro, em Teresina-Pi, por justa e merecida aposentadoria por tempo de serviço, contado o tempo de empregos anteriores. Mas afasta-se somente dos serviços burocráticos, continua no mesmo convívio. Como ele mesmo se autodefine: “os bancários são meus irmãos mais próximos.”
          É convidado, em 1983, por Hildalius Catanhede, Presidente da Associação dos Antigos Funcionários do Banco do Brasil S.A. - AAFBB - com sede no Rio de Janeiro (RJ), a representar a Associação no Piauí, cujo cargo ocupou até junho de 1999.
          Como funcionário do Banco, serviu nas cidades de Picos - (PI), Itambé (BA), Teresina - (PI) e Metropolitana Cinelândia - Rio de Janeiro (RJ), adido para tratamento de saúde de um filho. Exerceu vários cargos, entre outros, os de Auxiliar de Supervisão, Chefe da Carteira de Crédito Agrícola de Industrial (CREAI) e Subgerente de Agência.
          Em 08.12.1959, na paróquia de Nossa Senhora dos Remédios, então diocese de Oeiras, contraiu matrimônio com a picoense Maria Mécia Moraes Araújo Moura, que nasceu em 10.04.1941. A celebração foi realizada na casa dos genitores da noiva, Laudemiro Morais Feitosa e Esther Morais Araújo, pelo padre João Morais Sobrinho, (irmão da noiva, hoje, ex-padre), sendo paraninfos, Francisco de Assis Coimbra, Vilany Morais Coimbra (prima da noiva), Abrahão Conrado Costa (primo do mestre Guarani) e Maria do Socorro Portela Costa.
          O consórcio gerou os seguintes filhos: Francisco de Assis Franklin Morais Moura, n. 28.02.1961; Leônidas Fulton Morais Moura, n. 28.01.1962, (faleceu prematuro aos seis meses, em Itambé - BA); Laudemiro Miguel Morais Moura, n. 06.03.1963; Francisco Miguel de Moura Júnior, n. 18.02.1964; Fritz Miguel Morais Moura, n. 01.01.1968 e Mécia Morais Moura, n. 14.04.1994, caçula varoa e na festividade das bodas de coral, ou seja, no 35º aniversário de casamento.
          Atualmente tem uma progênie de nove netos: Joyce e Filipi - filhos de Francisco de Assis Franklin Morais Moura e Wilma Neri Moura; Tainá e Tairine, filhas do quadrigênito, Francisco Miguel de Moura Júnior e Ana Vaz Moura; Lucas, Davi e Mariana, filhos de Laudemiro Miguel Morais Moura e Mônica Queiroz Moura; Sarah e Sahvyc, filhas de Fritz Miguel Morais Moura.
          A odisséia intelectual de Chico Miguel, o qual emergido do campo da lavoura, da cultura do alho e cebola, e ser arremetido pelos próprios méritos a freqüentar o campo da sociedade elitizada da cultura e nobreza das letras piauienses, só poderia advir, portanto, de um coração sábio, puro, modesto e batalhador. É um exemplo digno de humildade e respeito.

Estudos

          Os estudos do escritor Francisco Miguel não foram muito regulares. Tal como o pai, é um autodidata. O jardim da infância e o curso primário foram disciplinados no próprio lar; assentou em bancos escolares quando realizou o exame de admissão ao curso ginasial.
          É Técnico em Contabilidade pela Escola Técnica de Comércio “Landri Sales”, na cidade de Picos - PI, de 1959/1961. Os estudantes dessa unidade, àquela época, eram apelidados de “lombriga azeda”.
          Em Teresina - PI, gradua-se no Curso Superior de Letras, da Faculdade Católica de Filosofia do Piauí, em 1972, tendo como professores: Padre Raimundo José Ayremorais Soares, Diogo Ayremorais Soares, Maria dos Reis Figueiredo, Cecília Mendes, Dorinha Santos, Padre Homero, Padre Moisés Fumagalli e Celso Barros Coelho e outros.
          Pós-graduado, em 1985, na Escola de Belas Artes/Universidade Federal da Bahia - Salvador -, na especialidade “Crítica de Arte”.
          Realizou outros cursos de formação suplementar: “Folclore Brasileiro”, (1975), ministrado pela professora Maria de Lourdes Borges Ribeiro, do MEC-Brasilia-DF; “Teoria do Romance” (1970), pelo professor João Décio, da Universidade de Marília – SP; “Aperfeiçoamento em Literatura Brasileira e Portuguesa”, (1971, na Universidade Federal do Piauí - UFPI.
          Bancário (do Banco do Brasil); professor; crítico literário e de artes; ensaísta; Conselheiro Cultural do Conselho Estadual de Cultura e da Fundação Cultural Monsenhor Chaves; poeta; romancista; membro da Academia Piauiense de Letras, cadeira nº 8; contista; cronista; congressista; encontrista; campeão de concursos literários e expositor literário e cultural nas mais diversas ocasiões e lugares; editor da revista Cirandinha (1977/1984); coordenador de literatura e editoração da Fundação Cultural Monsenhor Chaves; sócio-fundador e presidente da União Brasileira de Escritores do Piauí - (UBE/PI), 1986/1988, entidade reconhecida através da Assembléia Legislativa como de utilidade pública; instituidor e tesoureiro do Círculo Literário Piauiense - CLIP, (1967); monitor do Movimento de Educação de Base (MEB), em Itambé (BA), na época do golpe militar de 1.964, sendo presidente da república, Dr. João Goulart; organizador e apresentador do programa “Panorama Cultural” na Rádio Clube de Teresina, pela Secretaria de Cultura do Piauí, de 1975/1977; colaborador/fundador da Academia de Letras de Região de Picos (ALERP); sócio-correspondente da Academia Catarinense de Letras e da Academia Mineira de Letras; 2º secretário da Academia Piauiense de Letras (1995/1996), Secretário Geral (2000/2001) e membro da Comissão Editorial da “Revista da Academia”.
          Professor de português e literatura brasileira e portuguesa no Colégio Estadual “Anísio de Abreu”, desta Capital, durante dois anos.

Eventos

          Participa, entre muitos outros, dos seguintes eventos: I Encontro Nordestino de Política Cultural, no Recife - PE, em 1987, como delegado do Piauí; I Congresso de Escritores do Nordeste - 30 anos da União Brasileira de Escritores de Pernambuco, no Recife (PE), em 1988, expondo o tema, “Política Editorial - Estratégia e Ação”; Encontro de representantes da Associação dos Antigos Funcionários do Banco do Brasil - AAFBB - no Rio de Janeiro (RJ), em 1987, onde discursou em nome de todos as representações da AAFBB no Brasil, publicado na Revista AAFBB nº 36 de jan./1987; X Congresso Brasileiro de Teoria e Crítica Literária, em Campina Grande, de 16 a 21.09.90, expondo sobre a “Descaracterização da Cultura Nordestina”; I e II Exposição de Livros de Funcionários do Banco, na AAFBB - Rio (RJ), respectivamente em 1986 e 1991;

Prêmios

          Premiado em vários concursos literários tais como: primeiro lugar no concurso de ensaios, pelo trabalho “A Poesia Social de Castro Alves”, promovido pelo Diretório Acadêmico “Dom Avelar Brandão Vilela”, da Faculdade Católica de Filosofia do Piauí, em 1971; primeiro prêmio de bibliografia pela obra crítica “Linguagem e Comunicação em O. G. Rego de Carvalho”, conferido pela Academia de Letras de Uruguaiana - Rio Grande do Sul, em 1972; por ocasião do Sesquicentenário da Independência do Brasil, recebe o troféu por classificar-se em 2º lugar no concurso de trovas em Mogi das Cruzes - SP, patrocinado pelo Centro Melo Freire de Cultura; primeiro lugar no concurso de romances “Fontes Ibiapina” com o livro “Laços do Poder”, em 1986, patrocínio da Secretaria de Cultura do Piauí/Fundação Cultural do Piauí; segundo lugar no concurso de poemas “Odílio Costa Filho”, promovido pela Academia Piauiense de Letras, com o livro “Santo de Casa”, em 1981, posteriormente publicado com o título “Bar Carnaúba”, em 1983; três classificações no VI Concurso de Crônicas “Sérgio Porto”, bancado pela FENAB, em 1983, Brasília - DF; classificado para publicação, nas diversas edições dos concursos de contos “João Pinheiro”, da Secretaria de Cultura do Piauí, sendo que em 1984 obteve o terceiro lugar e em 1986, o segundo; e também o segundo lugar no concurso de crônicas “Clarice Lispector”, promovido pelo Satélite Clube de São Paulo, em 1993; primeiro lugar no concurso poesias da revista “Poesia Para Todos”, do Rio de Janeiro, em 2000, e segundo lugar no concurso de romance da Fundação Cultural do Piauí, em 2003, com o romance “D. Xicote”.

Condecorações

          Condecorado com as homenagens: “Intelectual do Ano” recebendo o troféu “Fontes Ibiapina”, em 1988, concedida pela União Brasileira de Escritores do Piauí - UBE/PI-; diploma de Mérito Cultural “Lucídio Freitas”, em 1988, por serviços prestados à cultura, patrocínio da Academia Piauiense de Letras, à qual pertence, mas a cuja Academia ainda não pertencia na época da concessão da referida comenda; diploma de Personalidade Cultural UBE - Rio, em 1992, pela intensa atividade cultural desenvolvida; Medalha do Mérito “Conselheiro José Antonio Saraiva”, no grau de “Cavaleiro”, conferida pela Prefeitura Municipal de Teresina, em 1994, por seus méritos como escritor, e Diploma de Oficial da Ordem do Mérito Renascença do Piauí, de 19 de Outubro de 11997, conferido pelo então Governador do Estado.
Obra

Os livros publicados são:

          Poesias: - “Areias”, foi o primeiro livro de poemas (1966), com prefácio de Fontes Ibiapina; “Pedras em Sobressalto” foi o segundo livro em versos (1974), “Universo das Águas” (1979) foi o terceiro livro, posteriormente elogiado por Carlos Drummond de Andrade; “Bar Carnaúba” (1983), foi o quarto livro, inclusive premiado; (“Quinteto em Mi(m), 1986, “Sonetos da Paixão” (1988), “Poemas Ou/tonais (1991); “Poemas Traduzidos” (1993); “Poesia in Completa” (1997), “Viragens” (2001) e “Sonetos Escolhidos” (2003), “Antologia” (2006); e “Tempo contra Tempo”, em co-autoria com Hardi Filho (2007).
          Ensaios: - “Linguagem em Comunicação em O.G. Rego de Carvalho” (1972), “A Poesia Social de Castro Alves” (1979); Piauí – Terra, História e Literatura” (ensaio e antologia 1980); “Um Depoimento Pós-Moderno” (1989); “Assis Brasil”, co-autoria com Edmilson Caminha (1989); “Castro Alves e a Poesia Dramática” (1998); e “Moura Lima - do Romance ao Conto” (2002).
          Contos: - “Eu e meu Amigo Charles Brown” (1986),” Por que Petrônio não Ganhou o Céu” (1999) e “Rebelião das Almas” (2001).
          Romances: “Os Estigmas” (1984), “Laços do Poder” (1991), “Ternura” (1993) e D. Xicote (2005).
          Crônicas: “E a Vida se Fez Crônica” (1996);
          História: “Literatura do Piauí” (2001);
          Biografia: “Miguel Guarani, Mestre e Violeiro” (2005);
          Discursos: “Chico Miguel na Academia”, 1993 (colaboração com Hardi Filho).

Os livros inéditos são:

          Poesia: “Itinerário para Passar a Tarde”, “O Coração do Instante”, “A Casa do Poeta” e “A Cor, as Cores”
          Romance: “O Crime Perfeito” e “O Menino quase Perdido”
          Prefaciador/posfaciador: Da antologia de contos de autores piauienses “Piauí: Terra, história e literatura” (1980), co-edição da Editora do Autor - São Paulo/Edições Cirandinha - Teresina; de “Literatura Piauiense - Escorço Histórico” de João Pinheiro (obra em 1ª edição de 1937), na 2ª edição, 1984, patrocinada pela Fundação Cultural Monsenhor Chaves.
          Participante de coletâneas - “Poetas do Brasil” Rio (1975); “Ciranda”, Teresina (1976); “O de Casa”, Teresina (1977); “Momento Poético”, São Paulo (1978); “Vozes da Poesia”, São Paulo (1979); “O Conto na Literatura Piauiense”, Teresina (1981); “Renascença”, Salvador-Ba. (1984); “Novos Contos Piauienses”, Teresina (1984); “Outros Contos Piauienses”, Teresina (1986); “Antologia Acadêmica”, Porto Alegre-RS (1990); “Postais da Cidade Verde”, Teresina (1989); “Antologia Poética Piauí/Ceará”, Teresina/Fortaleza, 1993; “Alma Gentil - Novos Sonetos de Amor”, Brasília, 1994; “Mostra Nacional de Poesia Visual”, UFRN, Natal-RN (1995); “Piauí: Formação, Desenvolvimento, Perspectivas”, FUNDAPI, Teresina (1995); “Crônicas de Sempre”, Teresina-PI (1995), “A Poesia Piauiense do Século XX”, Teresina/Rio, antologia, estudo e organização de Assis Brasil (1995); e “O. G. Rego de Carvalho – Fortuna Crítica”, organizada por Kenard Kruel (2007).
          Participação Internacional – Entre outras, participou como crítico e poeta nos Estados Unidos da América do Norte - dos seguintes livros: “A Dictionary of Contemporary Brazilian Authors”, Arizona – EUA, onde comparece com 10 verbetes (1981); “Internacional Poetry Yearbook”, Colorado -EUA (1984); “Directory of International Writers and Artists” - Biografia, Colorado, USA (1987); “Internacional Poetry Yearbook, Colorado - EUA (1988); “Directory of Internacional Writers, Colorado, EUA (1987); “International Poetry 37”, Colorado, EUA (1985) “Contemporary Brazilian Literature”, antologia de poesia e prosa, Colorado, EUA (1986), na França, como poeta, participa da publicação: “Jalons”, números 49 e 50, respectivamente de 1994 e 1995, na cidade de Nantes, “Brésil 500 Ans”, antologia de poemas da Editora Jalons, Nantes, França, 2000; em Cuba, de com 5 poemas no livro “Poesia de Brasil”, 2000; na Espanha, também como poeta, tem comparecido nas revistas “Clarín” (jan./fev./abr./maio/ jun./jul./ago. e set,/2007) e na revista “Lea” (nº 183, jul./2007); em Portugal, participou das revistas “Anto” nº 3 (1998), nº 6 (1999), e na “Revista de Poesia”, nº 2 (junho de 2002), dedicada ao tema “Saudade”.
          Colaborador/Participante: Em Picos, no começo dos anos 50, antes mesmo de ser estudante, participa do jornal “A Flâmula” do Grêmio Estudantil “Da Costa e Silva” - dos estudantes do ginásio, onde publica os primeiros poemas. Depois de ingressar no Ginásio, continua a publicar seus poemas e artigos em “A Flâmula” e noutro jornal que surgiu, “A Gazeta”, também de Picos, editado por Odonel Castro Gonçalves. Em Teresina, desde que chegou, oriundo de Itambé - BA, em outubro/1964, colabora intensamente nos jornais, revistas e congêneres:
          Jornais: “O Estado”, “A Hora”, “Correio do Piauí”, “Estado do Piauí”, “Jornal da Manhã”, “O Dia”, “Jornal do Piauí”, “Voz do Piauí”, “Opinião”, “Diário do Povo”, “Meio Norte” e “Suplemento do Diário Oficial”, etc.;
          Revistas: “Almanaque da Parnaíba”, “Presença”, “Cadernos de Teresina”, “Ficção”, Rio de Janeiro - RJ (revista de contos e crítica, da qual era correspondente no Piauí); “Impacto” (em vários números, inclusive uma entrevista sobre a APL); “Revista da Academia Piauiense de Letras”, onde publicou os seguintes ensaios: “Depoimentos Sobre O. G. Rego de Carvalho”, nº 50, Ano LXXV, dezembro de 1992; “Os Universais da Literatura - Acertos e Equívocos”, nº 51, Ano LXXVI, dezembro de 1993; “Jorge de Lima, Poeta Participante” e “A Chama da Geração de 45”, ambos no nº 51, Ano LXXVI, dezembro de 1993 - II fascículo, e muitos outros trabalhos; “Literatura”, desde o nº 4 ao 33 (abr./2007), cuja publicação foi iniciada em Brasília e hoje é editada em Fortaleza-CE; “LB - Revista da Literatura Brasileira”, São Paulo – SP (diversos números); e “Cirandinha”, editada em Teresina e depois em Salvador, ganhando nome nacional em virtude de boa parte dos seus colaboradores serem de outros Estados, que se encarregavam de distribuí-la nas escolas e entre outros escritores – fundada por Francisco Miguel de Moura com um grupo de escritores do Piauí, tendo vida mais ou menos longa para a espécie (de novembro/1977 a julho de 1984).
          Colaborações interestaduais, “Littera”, nº 11 - (1974), Rio - com ensaio “Simbologia e Sentido do Efêmero na Poesia de Raimundo Corrêa”; “Em Revista” nº 12, (1981), São Paulo, com “Tentativa de Explicação do Inexplicável”; “Ficção, nº 09” setembro/1976, Rio, com resenha sobre “Rio Subterrâneo”; Ficção nº 18, junho/1977, Rio, com resenha sobre “Inquietação de Um Feto”; “Vozes”, nº 3, Ano 79, abril de 1985, Petrópolis - RJ, com o “O Aprendizado da Morte”; “Suplemento do Minas Gerais”, de Belo Horizonte, edição de 19.08.1978, com “Três Tempos do Poeta H. Dobal”; “A Tarde” - Salvador (BA), edição de 23.06.73, com - “O Conto e a Força do Crítico”; “O Lince”, de Juiz de Fora (MG), edição de maio/74, com “Um Contista no Palco da Infância”; “Correio do Estado”- Campo Grande (MS), edição de 29.03.1973, com “Deste Lado do Horizonte”; “Correio da Bahia”- Salvador, edição de 13.12.1985, com o artigo “Centenário do Poeta Da Costa e Silva”; “Suplemento do Diário Oficial” - Salvador (BA), edição de 10.06.1985 com o ensaio “Modernidade da Língua Portuguesa”; “D.O. Leitura”, nº 4 (47), de abril de 1986 - São Paulo - SP. - com o ensaio “Elementos de Crítica Literária”; “D.O. Leitura”, nº 09 (102), de novembro de 1990, São Paulo (SP), com o ensaio “Descaracterização da Cultura Nordestina”; “Vozes”, nº 06, Ano 83, nov./dez/1989, Petrópolis - RJ, com “Cláudio Manoel da Costa e a Crítica Caolha”; “Literatura”, nº 02, junho de 1992, Brasília - DF, com o artigo “Do Ceará, um Borges”; “Literatura, nº 6, de junho/1994, Brasília - DF, com o depoimento “Como e porque sou escritor”; “Cadernos do Tâmega”, nº 8, dez/1992, Amarante/Portugal, com o ensaio “O Livro mais Triste, o Poeta mais Só” e o soneto “A Antonio Nobre”, ambos comemorando o centenário do livro “Só”, “Notícias Culturais” de Fortaleza (CE) nº 56, ano 5 de setembro/1995 com os seguintes poemas: “Sonetilho” (ao poeta Lourenço Campos), “Hai-kais”, “Nome da Rua” e “Abandonos”.
          Alguns poemas são cantados e gravados em discos pelo compositor e cantor, também bancário do Banco do Brasil, Odorico Carvalho, tais como: 1. “Das Coisas Simples”, extraído do livro “Quinteto em Mi(m)”; 2. “Homem, Boi, Berro” de “Bar Carnaúba”; 3. “Experiências Vivas” de “Quinteto em Mi(m)”.

Academia Piauiense de Letras

          Na Academia Piauiense de Letras: Ingressa na imortalidade após três campanhas; não foi só merecimento, foi luta, e ele lutou, teve opositores “e estes são necessários, senão, não haveria vitória”, diz. É o 5º ocupante da cadeira nº 8. Foi eleito em 29.09.1990 e tomou posse em 30.10.1990; quem o recebeu foi o acadêmico/poeta Francisco Hardi Filho, seu amigo, que tinha sido eleito anteriormente para outra cadeira. O patrono da cadeira nº 8 é José Coriolano de Sousa Lima (J. Coriolano). Os ocupantes anteriores foram: Antônio Chaves, Breno Pinheiro, Celso Pinheiro Filho e Francisco da Cunha e Silva, aqui citados em ordem cronológica.
          É membro-correspondente da Academia Catarinense de Letras e da Academia Mineira de Letras, como foi já referido acima, em cujas revistas colabora com artigos e poemas. É de notar-se que para tornar-se membro da Academia Catarinense teve que submeter-se a uma eleição, para a qual teve a ajuda do amigo/escritor catarinense Theobaldo Jamundá, e foi eleito; já no caso da Academia Mineira, foi por indicação do escritor José Afrânio Moreira Duarte, com quem Francisco Miguel de Moura mantém longa amizade, aliás, desde que escreveu “Linguagem e Comunicação em O.G. Rego de Carvalho”.
          Faz parte de outras Academias de Letras. Cito duas das mais importantes: Membro-fundador da Academia de Letras da Região de Picos, onde seu pai, Miguel Borges de Moura – Guarani é patrono de uma cadeira. E recentemente foi eleito para a Academia Cachoeirense de Letras, de Cachoeiro de Itapemirim – ES.
          Nos anos 2000/2001, foi Secretário Geral da Academia Piauiense de Letras, na gestão do Prof. Raimundo Nonato Monteiro de Santana, sendo considerado o melhor Secretário Geral daquele sodalício, justo no ano da entrada do novo milênio.
          Depois disto, tem sido constantemente apontado para a presidência da Academia Piauiense de Letras, mas não aceitou porque não quer de forma alguma afastar-se do seu intenso trabalho de escritor, e ultimamente por motivo de saúde.

Personalidade e talento

          A personalidade e o talento foram delineados pelo poeta e crítico da ilha de São Luís do Maranhão, Francisco das Chagas Val, (nascido a 23.07.43), em artigo de 15 de setembro de 1994, assim:

A POESIA DE CHICO MIGUEL

          “Francisco Miguel de Moura é um escritor que exerce o seu ofício com bastante competência e, em qualquer página por ele escrita, lá estão as qualidades intrínsecas que são as marcas a destacá-lo como uma legítima vocação literária inconfundível, em meio aos outros escritores de sua geração.”
          “Do poeta, em particular, alguns pontos podemos destacar: a dicção, o ritmo, a imagética e a ductilidade dos versos que, na poesia de Francisco Miguel de Moura, é pura música, limpa harmonia de notas que soam em perfeito equilíbrio - que esse poeta piauiense escreve como quem canta e o seu verso, escandido ou não, é sempre harmonioso e nele existe uma natural contenção, talvez imposta pela disciplina de quem desconfia dos fazedores de discursos.”
          “Com poemas “Ou/tonais”, o autor nos dá a medida exata de seu talento poético porque, construído em linguagem seca, o livro apresenta um lirismo comovido e os versos acabam por se estruturarem de modo contínuo, com suas modulações e freqüências tonais até o ponto em que a harmonia poética tangencia a musicalidade das palavras em pleno espaço metafórico-sinestésico. O certo é que ele alcançou, ao longo de seu trabalho literário, o equilíbrio e a maturidade necessários para assegurar a perenidade de sua obra, e a poesia que nos deu, mostrada recentemente em seu primoroso livro “Poemas Ou/tonais”, é de altíssima qualidade, e estamos convencidos de que o autor de “Pedra em Sobressalto” mantém incólume o seu vigoroso estro, e outros excelentes livros estão prestes a vir a lume para gáudio de todos que o admiramos.”
          É citado como verbete no “Dicionário Histórico e Geográfico do Estado do Piauí” - (1994), de Cláudio Bastos; no “Dicionário Biográfico Escritores Piauienses de Todos os Tempos” - (1995), de Adrião Neto; no “Dicionário Histórico-Biográfico Piauiense” - (1992), de Wilson Carvalho Gonçalves; no “Dicionário de Poetas Contemporâneos”, 2ª edição (1991), de Francisco Igreja; no “Dicionário Literário Brasileiro” (1978), de Raimundo de Menezes; no “Dicionário de Artistas e Escritores Funcionários do Banco do Brasil” (1992), de autoria de Murilo Moreira Veras, Romildo Teixeira de Azevedo e Eliezer Bezerra; e na “Enciclopédia de Literatura Brasileira” (1990), de Afrânio Coutinho e J. Galante de Sousa.
          Incluído nos livros “Visão Histórica da Literatura Piauiense” (1997), de Herculano Moraes; “A Academia Piauiense de Letras e a Cadeira 27” (1994), de José Lopes dos Santos; “O Livro de Ouro da Literatura Brasileira” (1980), “Teoria e Prática da Crítica Literária” (1995) e “A Poesia Piauiense do Século XX” - (1995), de Assis Brasil; “Crônicas de Sempre” - (1995), organizado por Adrião Neto; “A Literatura no Brasil”, direção de Afrânio Coutinho, citado entre os melhores poetas da nova geração; “A Crítica Literária no Brasil”, de Wilson Martins (1995), entre outros aqui não mencionados, e em todos há referências elogiosas ao seu trabalho literário. Na internet, é biografado e comparece com poemas e outros trabalhos literários, nos seguintes “sites”: usina de letras – wikipedia – jornal de poesia – entretextos – antonio miranda – jornal do dia e outros.
          Neste poema, que é bem representativo do seu lavor literário e de sua luta pela expressão poética radical, com muita originalidade ele traduz a emoção vivida na infância:
Quinteto em mi (m)

Três


Não lhe contarei minha história,
A da vaquinha morta,
e não me deu o leite da vida:
urubus pastaram seus olhos.
E pastarão sobre mim.

Nem a história de mamãe-titia,
de meu pai-pequeno-e-feio,
de meu nascer-Chico
por simples fuxico.
Não houve melhor jeito.


Depois, morremos de comer, de beber:
- o sono-inanição era todo nosso.
E o medo do outro (e de nós?)
e os desejos menos preciosos
que morriam?

O mundo antes de mim,
do alto do descaso,
jogou-me na grande roleta.
E bicho permaneço.

Não me deram nem carne nem osso,
nem cabeça - mundo deus, mundo diabo.
Deram-me tripa
muita tripa
e coração.

Assim subvivi para este mundo
entre as aves de rapina
e frutos escassos,
cactos, espinhos, trapos,
despetalando a vida que não quis. 

Bibliografia

Livros:

ADRIÃO NETO, José. In: Dicionário Biográfico Escritores Piauienses de Todos os Tempos, 2ª ed. Halley S.A., Teresina (PI) - 1995;
BASTOS, Cláudio de Albuquerque. In: Dicionário Histórico e Geográfico do Estado do Piauí, 1ª ed. Fundação Cultural Monsenhor Chaves - PMT -, Teresina (PI) - 1994;
BRASIL, Assis. In: A Poesia Piauiense no Século XX. 1º ed. Imago Editora Ltda. Rio de Janeiro (RJ) - Fundação Cultural Monsenhor Chaves-PMT- Teresina - (PI), 1995;
CADERNOS de Teresina, da Fundação Cultural Monsenhor Chaves, nº 18, dez/1994;
COUTINHO, Afrânio. In: A Literatura no Brasil, 3ª ed. V vol. Editora José Olímpio/Universidade Federal Fluminense - Rio (RJ) - 1986;
GONÇALVES, Wilson Carvalho. In: Dicionário Histórico-Geográfico Piauiense, 1ª ed. Gráfica e Editora Júnior Ltda., Teresina (PI) - 1992;
IGREJA, Francisco. In: Dicionário de Poetas Contemporâneos”, Rio - RJ, 1991.
KAPILA, Rosa Maria dos Santos. In: Geografias Literárias (org. Francisco Venceslau dos Santos), Editora Caetés, Rio, 2003;
LIMA, Iracilde Maria de Moura Fé. De Moura aos Moura Fé – Regate de uma Trajetória (genealogia das famílias Moura e Moura Fé), Expansão, Teresina – PI, 2005;
LIMA, Luiz Romero. Literatura Piauiense, sem indicação de editor, Teresina-PI, 2003;
LOPES, Maria do Carmo Martins. In: Francisco Miguel de Moura – Um Canto de Amor à Terra e ao Homem, Universidade Estadual do Piauí (UESPI), Teresina, 2000;
MARQUES, Deolinda Maria de Sousa. In: Um Rio em Chico Miguel, Ed. Cirandinha, Teresina, Piauí, 2006;
MARTINS, Wilson. In:: A Crítica Literária no Brasil, Ed. Francisco Alves, Rio, 1983;
MATOS, J. Miguel de. In: Antologia Poética Piauiense, 1ª edição, Artenova, Rio - RJ, 1974;
MENEZES, Raimundo. In: Dicionário Literário Brasileiro, 2ª edição, Livros Técnicos e Científicos, Rio - RJ, 1978;
MORAES, Herculano. In: Visão Histórica da Literatura Piauiense, 2ª edição, sem indicação de Editora, Teresina - PI, 1982;
MOUSINHO, Ronaldo Alves. Literatura: De Homero à Contemporaneidade, Ed. Ideal, Brasília, 2002;
MOURA, Francisco Miguel de. e HARDI FILHO, Francisco. In: Chico Miguel na Academia, 1ª ed. Gráfica e Editora do Povo Ltda., Teresina - PI, 1993;
SILVA, José Antônio da. Dicionário de Sabedoria dos Piauienses, EDUFPI, Teresina, 2004;
QUEIROZ, Teresinha. In: Do Singular ao Plural – Edições Bagaço, Recife – PE 2006;
SILVA NETO, Mariano da. In: O Município de Francisco Santos, 1ª ed., Companhia Editora do Piauí (COMEPI), Teresina - PI, 1995;
VERAS, Murilo Moreira, e outros. In: Dicionário de Artistas e Escritores Funcionários do Banco do Brasil, 1ª ed., Ed. Livra-Livro - Processamento Editorial Ltda., Brasília - DF, 1992.

Jornais:

“O Dia”, Teresina – PI, nº de 12 de março de 1972, com o título “Entrevista da Semana” (obs.: foi a primeira entrevista dada pelo autor);
“D. O. Leitura”, São Paulo - SP, nº 4 (40), de setembro de 1985, de Eduardo Maffei, com o título de “Conversa de Bar Sobre Poesias”;
“Tribuna da Bahia”, Salvador – BA, nº de 8 de fevereiro de 1985, título “O menestrel dos Piauís” (entrevistador: Oleone Coelho Fontes);
“Meio Norte”, Teresina – PI, 2 de fevereiro de 2007, título” Gente da gente: 40 anos dedicados à poesia” (entrevistadora: Isabel Cardoso, caderno “Vida”;
“Diário dos Açores”. Ano 137 nº 38.216, de 24 de fevereiro de 2007, seção “Letras”, pág. 15/16, Ilhas dos Açores – Portugal.

Revistas:

“Revista da Academia Piauiense de Letras”. Ano, l990, nº 48 - presidente: Paulo de Tarso Melo e Freitas, Teresina – PI;
“Literatura - Revista do Escritor Brasileiro”. Ano XIII, Janeiro a Junho de 2004, nº 26 – Editor: Nilto Maciel. Fortaleza – CE;
“Época”, revista nº 443, de 13 de novembro de 2006, Editor: Globo, Rio – RJ, pg.84/85;
“Colóquio/Letras”, nº 14, de junho de 1973, artigo “Literatura Brasileira – Ensaio”, de Fábio Lucas, Lisboa – Portugal;
“Lavra: Letras & Idéias, editor: Murilo Moreira Veras. Ano IV nº 08, Brasília – DF, 19993.
Revistas Literárias Brasileiras (1970-2005) - Paulo Cezar Alves Custódio. Antologia nº 1 – Gráfica e Editora Ltda., Brasília – DF, 2006.

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